A Justiça Federal no Espírito Santo autorizou que provas coletadas nos EUA sejam usadas no Brasil para incriminar os proprietários.
Segundo o delegado de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Rodrigo de Lucca, com o empréstimo de provas, a intenção é descobrir quantas pessoas foram cadastradas na rede após o bloqueio no Brasil, ocorrido em 18 de junho de 2013.
O objetivo é apurar os valores movimentados pela empresa. Estimativas da Securities and Exchange Comission (SEC) de Massachusetts – que equivale à Comissão de Valores Mobiliários no Brasil – apontam faturamento de quase R$ 3 bilhões de fevereiro de 2012 até abril de 2014, quando a Telexfree teve seu funcionamento proibido nos Estados Unidos.
“Houve a princípio troca de informações com os EUA. A gente agora só espera a formalização do pedido para que as provas de lá venham para o Brasil. A conclusão do inquérito é bem transparente e coincide com fundamentações dos EUA”, explica o delegado.
As atividades da companhia nos EUA tiveraminício após junho de 2013. Mas mesmo com a proibição de cadastrar pessoas no Brasil, representantes da empresa inscrevia arrolados, emitindo contratos com uma segunda Telexfree, com sede em Nevada.
Tanto aqui quanto nos EUA, as atividades são caracterizadas como híbrido de pirâmide com Ponzi. “A empresa usava o VoiP para atrair os divulgadores, que pagavam taxa para fazer parte do negócio. Eles tinham obrigação de fazer anúncios diário em sites gratuitos pré-formulados com a promessa de lucro de até 200% ao ano”, acrescenta.
Apesar de o Ministério Público Federal ter solicitado a prisão de Carlos Wanzeler e Carlos Costa, donos da Telexfree, as medidas restritivas decretadas pela Justiça Federal no Espírito Santo foram alternativas.
Porém, o capixaba Wanzeler foi acusado na Corte Federal nos Estados Unidos de ser um dos idealizadores do esquema e pode ser preso no Brasil.
Um grande júri nos EUA o denunciou quarta-feira por nove crimes de fraude. Um pedido de detenção federal foi emitido em Massachusetts. Caso a Justiça americana solicite ao Brasil, a detenção poderá ser executada pela PF brasileira.
Além disso, os sócios terão de comparecer mensalmente à Justiça brasileira.
Outro lado
“Operação foi desnecessária”
Em maio último, o “Fantástico”, da Rede Globo, mostrou que a Telexfree continuava a funcionar no Brasil. Segundo o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, a operação realizada ontem foi desnecessária, pois a empresa não funcionava. “O MPF fez o que julgou necessário, mas não concordamos. Queremos agilizar as investigações e não podemos aceitar essa quantidade de ações contra a empresa. É ideal que tudo estivesse em um só local. As pessoas que trabalhavam na sede da Telexfree preparavam documentação para o pedido de recuperação judicial”, disse Kakay. Na época do flagrante do “Fantástico”, Carlos Costa, diretor da empresa, disse que os funcionários da Telexfree trabalhavam para devolução de dinheiro dos
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