Em seu pedido, o MPF/ES alegou que a prisão seria necessária para garantir a preservação das provas e a aplicação da Lei Penal, tendo em vista o risco de que, uma vez conscientes da investigação existente também no Brasil, os envolvidos pudessem destruir as evidências ou fugir.
O site de VEJA teve acesso à decisão do juiz, que afirma que, por ora, os suspeitos não apresentam risco às investigações. "Nada obstante, não vislumbro, ao menos por ora, necessidade para decretação da prisão preventiva, pois há outras medidas cautelares de cunho pessoal mais brandas, que produzem o mesmo efeito da custódia cautelar, isso segundo o contexto ora apresentado", disse Bonomo Júnior.
Ao mencionar outras medidas cautelares de cunho pessoal, Bonomo se refere especialmente ao bloqueio de bens (imóveis, carros, computadores e dinheiro) determinado pela Justiça, e que recai sobre oito envolvidos: James Mathew Merrill; Carlos Roberto Costa; Carlos Nataniel Wanzeler; Jozelia Mirian Sangali; Katia Helia Barbosa Wanzeler; Febe Vanzeler de Almeida e Souza; Lyvia Mara Campista Wanzeler; e Marilza Machado Wanzeler. Todos estão ligados à Ympactus. O juiz também bloqueou os bens da filha de Carlos Costa, Letícia. "Embora inicialmente (Letícia Costa) não figure na qualidade de investigada, já se demonstrou, no tópico “II.7.1” (Das buscas e apreensões), a fundada suspeita de que seu genitor esteja utilizando sua conta bancária para movimentação de recursos ilícitos. Portanto, o correspondente afastamento de sigilo deve ser deferido."
Desvio de recursos — Nos Estados Unidos, onde a TelexFree foi alvo de operação semelhante, seus dirigentes foram presos tão logo foram detectadas provas de que se tratava de um amplo esquema de pirâmide. As investigações começaram ainda em 2014. No Brasil, a Justiça levou mais de um ano investigando o caso, sem que a acusação fosse concluída. Nesse período, os bens da empresa e dos sócios foram bloqueados, mas houve tentativa de desvio de recursos — que não chegou a ser finalizada por interferência do MPF.
No Brasil, a empresa está com processos abertos nas esferas civil (no Acre), criminal (Espírito Santo) e administrativo (Brasília). Até então, apenas a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça (Senacon/MJ), por meio do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) – esfera administrativa -, conseguiu finalizar sua apuração e multou a TelexFree em 5,59 milhões de reais por violação de direitos do consumidor e publicidade enganosa e abusiva. O processo que corre no Acre ainda está em fase de perícia contábil e financeira.
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