Enquanto no Brasil, as investigações criminais contra os donos da Telexfree são embrionárias, nos Estados Unidos, os sócios da empresa, o americano James Merrill e o capixaba Carlos Wanzeler, foram denunciados nesta quarta-fera à Corte Federal, em Massachusetts. São nove acusações contra eles, sendo oito queixas de fraudes e uma por conspiração.
Wanzeler e Merrill são apontados como mentores de um golpe de pirâmide financeira com dimensões internacionais. Apurações apontam que o esquema, que tem raízes em Vitória, no Espírito Santo, pode ter movimentado US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 2,6 bilhões).
O grande juri concluiu que Wanzeler e Merrill tinham consciência do crime. Além de um pedido de prisão de até 20 anos, a promotoria reivindica o confisco dos bens dos réus estimados em US$ 140 milhões (R$ 300 milhões). Os ativos encontrados em nome dos empresários são depósitos em contas bancária, 30 imóveis, carros de luxo e barcos.
Nos Estados Unidos, a Telexfree tinha sede na cidade de Marborough, em Massachusetts. Apesar de existir desde 2012, lá, a companhia cresceu a partir do bloqueio das atividades da filial brasileira, Ympactus Comercial, registrada na capital capixaba.
Desde junho de 2013, a Justiça do Acre proibiu a Telexfree de recrutar associados no Brasil. Apesar da determinação, a companhia continuou a cadastrar brasileiros. No entanto, os contratos eram firmados a partir de Massachusetts.
Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público nos Estados Unidos, a Telexfree usava planos VoIP para mascarar um esquema Ponzi. A verdade é que a empresa recrutou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo com a promessa de pagar rentabilidades de até 200% ao ano. Para participar dos lucros, era necessário investir valores a partir de R$ 600.
O inquérito criminal contra a empresa começou em maio. James Merrill, que era presidente da empresa, chegou a ser preso. Carlos Wanzeler voltou para o Brasil. Ele é considerado um fugitivo pela Justiça americana.
O advogado de Carlos Wanzeler no Brasil, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que ainda não tomou conhecimento das acusações. “Vamos conversar com os advogados americanos para tomar conhecimento das denúncias”, disse.
Desde 1988, a Constituição do Brasil não permite a extradição de brasileiros para cumprir pena em outros países. Mas em caso de condenação, a penalidade pode ser aplicada aqui. Isso depende de a Justiça americana pedir ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que a condenação seja executada no Brasil.
Já Carlos Costa, um dos sócios da Telexfree e diretor de marketing da empresa, não é acusado nos Estados Unidos. Ele é apenas citado na denúncia como um dos proprietários do golpe.
No Brasil, os três sócios da companhia e os principais líderes da empresa, são alvo de um inquérito criminal que está nas mãos da Polícia Federal no Espírito Santo e também são investigados pela Polícia Civil do Acre.
Carlos Costa e Carlos Wanzeler também são réus na ação civil pública aberta pelo Ministério Público do Acre. O processo pede a devolução dos investimentos feitos pelos investidores no negócio.
Os bens dos empresários estão congelados desde junho do ano passado pela 2º Vara Cível do Acre. Há um mês, a 4ª Vara Federal de Execuções Fiscais do Espírito Santo decretou a segunda indisponibilidade da empresa e dos donos da companhia devido a sonegação tributária. O processo segue em segredo de Justiça.
Fonte: Gazeta Online
